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sexta-feira, julho 22, 2011

A lamentável decisão e o fim de um sonho

Por Hugo Ottati

O futebol feminino vem crescendo de forma absurda. A final da Copa do Mundo Feminina entre Japão e Estados Unidos, disputada no domingo (17) de Julho, por exemplo, estabeleceu um recorde de mensagens publicadas no Twitter - rede de microblogs da na internet - por segundo, superando o casamento da família real britânica e a morte de Osama Bin Laden. 

Neste jogo, o Japão conquistou o título mundial. De acordo com o Twitter, cerca de 7.196 mensagens por segundo foram provocadas.

Este é apenas um exemplo do crescimento e da valorização do futebol feminino no ramo dos esportes olímpicos.

Agora, vamos ligar o que foi citado acima com o ''Novo" Fluminense. 

Em tempo de eleição para presidência Tricolor, Peter Siemsen, vencedor com mais de 1.700 votos, prometeu na sua candidatura, um investimento para manter o clube como referência no cenário olímpico brasileiro. 

Além disso, o atual presidente prometeu aumentar o horizonte de parceiros estratégicos e recursos financeiros para as modalides formadoras de atletas de alto nível.

Outro plano apresentado por Peter era repassar 10% das receitas de marketing para ampliação e desenvolvimento das modalidades olímpicas do clube, em especial na formação de aletas no Fluminense e em núcleos a serem implementados em diversas regiões do estado e do país, visando a formação de equipes de ponta, divulgando e fortalecendo a imagem do clube em território nacional e a formação de novos torcedores.

Porém, não é o quadro que estamos vendo em Laranjeiras...

Há mais ou menos um mês, a diretoria tricolor decidiu dar fim ao futebol feminino do clube. Em nota oficial, a diretoria tentou explicar a decisão:
"Em primeiro lugar, o Fluminense Football Club respeita o direito de livre manifestação de seus associados e atletas.
No entanto, após realizar um estudo de viabilidade das atividades esportivas oferecidas no clube, algumas modalidades não se adequaram aos critérios considerados necessários, como foi o caso, infelizmente, do futebol feminino. Além disso, o clube carece de espaço para atender aos próprios associados.
Os esportes olímpicos e os esportes amadores precisam se adequar tanto à realidade financeira quanto à estrutura física do clube. O Fluminense mantém hoje 15 modalidades esportivas, poucas delas com patrocínio, com capacidade de gerar receitas próprias ou com espaço adequado para o desenvolvimento do esporte.
Diante de tal quadro, o Fluminense precisou, com muito pesar, fazer este corte."


Tal fato gerou protesto das meninas na porta do clube, em Laranjeiras. A atacante de 19 anos, Júlia Guerreiro comentou e ainda lembrou que algumas meninas do time fazem parte das categorias de base da Seleção Brasileira:


"O clube nunca investiu em nada para nós. Nunca tivemos o direito de treinar em Xerém ou no gramado das Laranjeiras, por exemplo. Isso aqui é uma escolinha, duas vezes por semana, pela qual 60 meninas pagam mensalmente uma quantia para participar. O futebol feminino dava lucro. Estamos surpresas e indignadas com essa decisão"

O que mais indignou as jogadoras, alguns associados e  admiradores do futebol feminino tricolor foram as promessas do presidente, na época de candidatura. 

Leia a carta de  Glória Maria Almeida, mãe de uma das atletas:
"Durante sua candidatura à Presidência do Fluminense Football Club, o Sr. Peter Siemsen, fez promessas de apoio total ao futebol feminino, esquecido e abandonado pelas últimas administrações. Com sua vitória nas eleições de 2010, as atletas dessa modalidade viram enfim, uma “luz no fim do túnel”, acreditando que a partir desse ano, essas mesmas promessas se tornariam realidade. Mas o sonho acabou na última quinta-feira, dia 30 de junho, quando foram comunicadas durante o treino, sobre o FIM da modalidade de Futebol Feminino no Clube. Aquele era o último dia de treino!

Nada justifica esse ato abominável contra o Futebol Feminino, ou melhor contra o ESPORTE em geral. Esse tem sido o caminho utilizado inclusive pelo Poder Público para “salvar” tantas crianças e adolescentes de um futuro cruel. Mas o Fluminense caminha na contramão, não reconhecendo os talentos que surgem em suas dependências. Enquanto outros clubes investem em meninas habilidosas, com aptidão nata, o Fluminense simplesmente informa que este não é um esporte “rentável” e fecha suas portas para essas atletas. Parece que nosso atual Presidente desconhece a história pioneira do Clube na década de 30, ao profissionalizar os seus jogadores. Onde foi parar esse pioneirismo?

Com uma campanha política “visionária” sobre as Olímpiadas de 2016, ele também prometeu “investimentos nos esportes olímpicos, como melhores condições de trabalho nas escolinhas, com projetos buscando receitas através das leis de incentivo fiscal, com um grupo de trabalho executivo que consiga atrair potenciais investidores para os esportes olímpicos do Fluminense".



Crianças, adolescentes e até mesmo adultos, todos nós temos sonhos. Uns desejam se tornar jornalistas de ponta, outros grandes advogados, e elas... jogadoras de futebol.

Até mesmo o Sr. Peter Siemsen tinha, ou tem, um sonho.  Será justo acabar com o delas? Ainda mais tratando como um grande prejuízo ao clube, que aliás, nunca investiu na modalidade! 

É, simplesmente, lamentável. Dentro de um país que tem as melhores jogadores do mundo e que irá sediar as Olimpíadas de 2016,  um presidente com esta mentalidade, que coloca um ponto final no sonho dessas meninas.

Uma vergonha ao futebol e ao esporte em geral!

Um comentário:

  1. E so pra acrescentar não foi só o futebol feminino.Tambem acabaram com a equipe de altetismo e de handball.
    Equipes que em 2014 poderiam brilhar nas olimpiadas e copa do mundo aqui no Brasil.

    Isso e uma vergonha para um clube do tamanho do fluminense.

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