Por Renato Melón
Hoje, como acadêmico de Direito que sou, estive presente num congresso acerca do Novo Código Florestal, tema este que reflete um bem jurídico muito sui generis, já que sua tutela se vê atrelada em escopos sociais, econômicos, históricos e políticos.
Nesta ocasião, num dos intervalos deste dia de estudo, o recinto no qual ocorria o Congresso foi "invadido" por membros do MST, da CUT, e demais movimentos; a situação ambiental no Brasil (desmatamento, Belo Monte, etc) levou aqueles cidadãos a manifestarem todo seu repúdio ao documento legislativo em pauta.
Não obstante, sucedeu-me uma cena curiosa.
O evento se passava no primeiro andar. O hall de entrada, o qual estava sendo palco da manifestação, fica no andar térreo; o qual é cercado por uma passarela que, ao estabelecer o primeiro andar, permitiu que os juristas participantes do Congresso assistissem aquela cena numa posição de "camarote".
Embaixo, via-se manifestantes humildes, muitos deles índios, bem como jovens com visuais hippies. Muito mal vestidos ou trajando roupas simples, via-se parte da população gozando de sua liberdade de expressão, em busca da paz social.
Em cima, situavam-se juízes, advogados, procuradores, promotores. Todos com seu mais rico terno, com sapatos caros e celulares de última geração. Todos membros da sociedade jurídica, a qual deve, sempre, ater-se à realidade social, vez que o Direito é fruto - tão somente- dela.
Contudo, não foi o que acontecia. Notava-se, no setor jurídico, risos, ironias e sarcasmos, pomposos e abastados, como se uma manifestação fosse coisa do outro mundo. Denotava-se uma clara "separação" entre aquela gente e os nobres operadores do Direito. Não era para ser assim.
Enfim, o que pensei na hora, é como uma situação social pode acabar nos desvirtuando dos nossos próprios propósitos. Não podemos deixar-nos levar pela alienação. E assim deve ser, pois, com o Futebol.
Enxergar crítica à CBF e ao sr. Ricardo Teixeira como aberração é, praticamente, acabar com toda a liberdade que o tema Futebol tem intrinsecamente na história do povo brasileiro.
Usar-se de cargos diretivos do Fluminense como "status pessoal" e, por isso, julgar-se válido usar o clube para o próprio ego, em detrimento da verdadeira razão, chamada torcedor, é o mesmo que usurpar um ideal.
À medida que criamos barreiras, exterminanos a liberdade; e vida sem liberdade, de fato, não é vida.
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