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terça-feira, julho 31, 2012

Mais do mesmo


Domingo passado, repetimos mais uma daquelas atuações que enchem o torcedor do Fluminense de confiança. A vitória não veio contra o líder Atlético, mas o time jogou como tem que ser: grande, ofensivo, espaçoso, mostrando sua condição de mandante, tudo bem diferente do apequenamento no Olímpico.
Mais uma vez, a imprensa convencional teve que engolir a força do Fluminense, mostrando em julho que brigará pelo título em dezembro: não deu colher de chá para o maior pontuador do campeonato, pressionou o tempo inteiro e, não fosse o desastre final, teria saído de campo vitorioso.
Foi possível enxergar o brilho que raras vezes tínhamos mostrado neste ano: os 3 x 1 contra o Vasco na final da Guanabara, os 4 x 1 no show da final carioca, os 2 x 1 contra o implacável Boca Juniors em La Bombonera. Foi possível se encher de esperança para o que vem mais à frente. Claro, ainda temos problemas, Neves é pífio, o meio é extremamente dependente de Deco, Carlinhos pode oscilar. Mas e a grande qualidade? E a possibilidade de trocar peças e manter um bom padrão? Isso tudo deve ser levado em conta.
O inacreditável gol anulado de Fred é uma amostra típica do que temos de melhor no ataque: o drible de corpo absoluto, um craque como o goleiro Victor completamente batido, a finalização precisa. Na marcação, Gum e Digão foram dois monstros. Wellington Nem quase fez um golaço de cabeça. Quando as coisas funcionam bem, o Fluminense é temido, não há dúvidas. Até Abel acertou em cheio: mexeu antes de tomar o gol (de forma rara) e bem. A força do time continuou a reinar.
Agora, não vencemos. Todos sabem o que aconteceu.
O que dizer quando o olho humano falha (e não entro em juízo de valor sobre a boa ou má-fé da marcação da arbitragem)? Pior ainda, quando o auxiliar espera toda a consecução do lance para só assinalar a infração com o craque já comemorando?
Reclamar de arbitragens pode levar ao conceito recente de “chororô”, criado no futebol carioca, às vezes tão mal-utilizado quanto a pecha dos “corneteiros”. Ora, bolas, se você é prejudicado, deve se comportar sem qualquer reação de protesto? Claro que não. O Fluminense deveria levar a fundo esta questão, pois os três pontos perdidos (dois tricolores e um que o Atlético conseguiu) podem ser decisivos no desfecho do brasileiro. Não é para se calar nem deixar para lá – há tempos, o Fluminense tem sido vitimado por arbitragens lamentáveis inclusive no cenário internacional (leia-se o moribundo Baldassi de 2008). Até mesmo quando vencemos o brasileiro em 2010 passamos por percalços de arbitragens.
Árbitros e auxiliares erram para todos os lados, é do ser humano, seja por falha inevitável, incompetência ou mesmo má-fé. Assim tem sido desde que a Fifa e os jornalistas engraçadinhos compraram a mofada tese de que isso, o erro, é “emocionante” para o espetáculo – uma sonora bobagem. A tecnologia está aí; sua utilização só não interessa aos que regularmente se beneficiem de tais “erros”.
O Fluminense ganhou domingo passado, mas não levou. E é preciso atenção nisso. Que suceda o contrário, mas se em dezembro viermos a perder o título por causa desta pastelada no Engenhão, desses pontos tungados, aí sim será possível entender que o questionamento está muito, mas muito acima de qualquer “chororô” ou “cornetagem”.
Todavia, reitero: a atuação de domingo retorna ao Fluminense o papel de águia do Atlântico Sul.
Favoritos? Não somos. Nunca fomos.
Brigar pelo título? É fato.
Tirar a diferença de seis pontos? Uma possibilidade real.
Honramos a camisa. Mais do mesmo.

Paulo-Roberto Andel
Do site Panorama Tricolor/FluNews
@pauloandel

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