Domingo
passado, repetimos mais uma daquelas atuações que enchem o torcedor do
Fluminense de confiança. A vitória não veio contra o líder Atlético, mas
o time jogou como tem que ser: grande, ofensivo, espaçoso, mostrando
sua condição de mandante, tudo bem diferente do apequenamento no
Olímpico.
Mais
uma vez, a imprensa convencional teve que engolir a força do
Fluminense, mostrando em julho que brigará pelo título em dezembro: não
deu colher de chá para o maior pontuador do campeonato, pressionou o
tempo inteiro e, não fosse o desastre final, teria saído de campo
vitorioso.
Foi
possível enxergar o brilho que raras vezes tínhamos mostrado neste ano:
os 3 x 1 contra o Vasco na final da Guanabara, os 4 x 1 no show da
final carioca, os 2 x 1 contra o implacável Boca Juniors em La
Bombonera. Foi possível se encher de esperança para o que vem mais à
frente. Claro, ainda temos problemas, Neves é pífio, o meio é
extremamente dependente de Deco, Carlinhos pode oscilar. Mas e a grande
qualidade? E a possibilidade de trocar peças e manter um bom padrão?
Isso tudo deve ser levado em conta.
O
inacreditável gol anulado de Fred é uma amostra típica do que temos de
melhor no ataque: o drible de corpo absoluto, um craque como o goleiro
Victor completamente batido, a finalização precisa. Na marcação, Gum e
Digão foram dois monstros. Wellington Nem quase fez um golaço de cabeça.
Quando as coisas funcionam bem, o Fluminense é temido, não há dúvidas.
Até Abel acertou em cheio: mexeu antes de tomar o gol (de forma rara) e
bem. A força do time continuou a reinar.
Agora, não vencemos. Todos sabem o que aconteceu.
O
que dizer quando o olho humano falha (e não entro em juízo de valor
sobre a boa ou má-fé da marcação da arbitragem)? Pior ainda, quando o
auxiliar espera toda a consecução do lance para só assinalar a infração
com o craque já comemorando?
Reclamar
de arbitragens pode levar ao conceito recente de “chororô”, criado no
futebol carioca, às vezes tão mal-utilizado quanto a pecha dos
“corneteiros”. Ora, bolas, se você é prejudicado, deve se comportar sem
qualquer reação de protesto? Claro que não. O Fluminense deveria levar a
fundo esta questão, pois os três pontos perdidos (dois tricolores e um
que o Atlético conseguiu) podem ser decisivos no desfecho do brasileiro.
Não é para se calar nem deixar para lá – há tempos, o Fluminense tem
sido vitimado por arbitragens lamentáveis inclusive no cenário
internacional (leia-se o moribundo Baldassi de 2008). Até mesmo quando
vencemos o brasileiro em 2010 passamos por percalços de arbitragens.
Árbitros
e auxiliares erram para todos os lados, é do ser humano, seja por falha
inevitável, incompetência ou mesmo má-fé. Assim tem sido desde que a
Fifa e os jornalistas engraçadinhos compraram a mofada tese de que isso,
o erro, é “emocionante” para o espetáculo – uma sonora bobagem. A
tecnologia está aí; sua utilização só não interessa aos que regularmente
se beneficiem de tais “erros”.
O
Fluminense ganhou domingo passado, mas não levou. E é preciso atenção
nisso. Que suceda o contrário, mas se em dezembro viermos a perder o
título por causa desta pastelada no Engenhão, desses pontos tungados, aí
sim será possível entender que o questionamento está muito, mas muito
acima de qualquer “chororô” ou “cornetagem”.
Todavia, reitero: a atuação de domingo retorna ao Fluminense o papel de águia do Atlântico Sul.
Favoritos? Não somos. Nunca fomos.
Brigar pelo título? É fato.
Tirar a diferença de seis pontos? Uma possibilidade real.
Honramos a camisa. Mais do mesmo.
Paulo-Roberto Andel
Do site Panorama Tricolor/FluNews
@pauloandel
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