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quarta-feira, julho 18, 2012

Sem alterações



Era um jogo frio, chato, com ares de modorra salvo um ou outro lance, No fim, prevaleceu o equilibro da partida e o empate em 1 x 1, o Fluminense marcando primeiro com Fred, o Botafogo empatando depois de mais uma domingada de Anderson. Não, não vou crucificar o zagueiro, mesmo diante do show de horrores que seu futebol expôs no clássico de domingo. E explico.

Com um pouco mais de dedicação ofensiva, principalmente depois de ter aberto o marcador no começo do segundo tempo, o Fluminense poderia ter saído do Engenhão com os três preciosos pontos. Há quem lembre de que, no Fla-Flu, também recuamos; contudo, vi nisso uma diferença essencial: no clássico do centenário, o Tricolor esteve muito mais pujante em termos de velocidade e combatividade. Recuamos demais contra o Botafogo, o que talvez não fosse lamentado se mostrássemos maior poder de marcação e pegada, disputa das bolas – e, com isso General Severiano empatou o jogo. É preciso reconhecer o ótimo cruzamento feito pelo lateral Márcio Azevedo para o gol de cabeça de Andrezinho, mas Anderson tem pelo menos 20 centímetros a mais de altura do que o finalizador – tinha que ter evitado a conclusão. Depois, teria sido melhor se Nem entrasse dez ou quinze minutos antes do ocorrido, mas também Abel não mexeria porque seu costume é mudar peças de ataque quando toma o gol. Contudo, nada disso é crise, cornetagem ou coisa que o valha. Empatar num clássico é normal, o Botafogo também está na parte de cima da tabela, ficamos com a terceira posição, consolidamos nossa expectativa de poder pontuar cada vez mais e brigar pelo topo.

Tivemos nossos fatores positivos: Carlinhos, a combatividade de Edinho, a briga de Wagner, a vocação de Fred para balançar redes alvinegras, a luta de Samuel. E Ricardo Berna, muitas vezes tão contestado – e com seu passado esquecido, ressalte-se – mas decisivo, vide o gol que impediu de Andrezinho no primeiro tempo, depois de uma furada inacreditável de... Anderson. Não, não é cornetagem, mas constatação.

Agora o Fluminense recebe o Bahia em casa, precisa vencer para ficar colado na parte de cima da tabela e tem time para isso de sobra, claro. Mas todo cuidado é pouco, dedicação também. A lição de 2011 ainda está muito viva: perdemos o título quando aconteceram quatro derrotas, duas delas para o Bahia, outras duas para o América Mineiro. Doze pontos que poderiam ter nos levado ao bicampeonato. Mas o que importam são o hoje e o que está por vir. O time que pretende disputar o título brasileiro precisa fazer valer sua condição de mandante a todo momento. Não cabe desatenção. É jogo sério, pouco importando se o Bahia é teoricamente fraco. Depois, a Ponte Preta fora. Seis pontos nestes dois jogos edificam o Fluminense para, no mínimo, a co-liderança – ou algo muito perto dela.  Resultados plenamente plausíveis e que podem se materializar. Respeito aos adversários é fundamental; contudo, hoje, com erros e acertos, o Fluminense é o time de grandes conquistas recentes, o time que se acostumou a frequentar a Libertadores, o time que pode brigar por mais um título brasileiro. E isso, claro, enche nossos corações de orgulho e esperança.


Paulo-Roberto Andel

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