Sobre esse assunto (um dos mais controversos da crônica esportiva) eu tomo a liberdade de trazer as palavras do amigo Marcelo Savioli, membro do ótimo O'Tricolor.com, que escreveu um artigo fantástio sobre essa "perversão midiática" que presenciamos nos últimos anos. Se você quiser ler o texto direto do Blog do Savioli é só clicar aqui.
Primeiramente é preciso esclarecer o que chamo de editar os fatos. Trata-se da utilização de recursos retóricos, de comunicação, tecnológicos e afins para conduzir a opinião pública e a audiência a uma determinada conclusão.
Um caso célebre da utilização desse recurso foi aquele feito pela Rede Globo na campanha presidencial de 1989, quando editou um debate entre os candidatos Fernando Collor e Lula de forma a dar a impressão de que o primeiro foi muito melhor que o segundo. A edição acabou ajudando a garantir a eleição de Collor.
A prática de editar os fatos é antiga. Já era conhecida muito antes de Cristo, desde quando o homem descobriu a retórica. Os sofistas, por exemplo, parecem estar infiltrados até hoja na nossa sociedade, prontos para editar a verdade e levar o rebanho as conclusões mais fundamentadamente absurdas.
A edição dos fatos em tempo real, todavia, ganhou um aspecto grosseiro nos últimos tempos nas transmissões esportivas. No caso dos jogos olímpicos de Londres, algumas emissoras tripudiaram escandalosamente da inteligência dos telespectadores, contradizendo de um dia para o outro aquilo que pregavam como verdade. Fomos levados – ou pelo menos tentaram – a acreditar que havia razões para mobilização e euforia, quando a decepção era clara e irreversível.
Nesse caso, porém, a razão chega a ser justificável, haja vista o único interesse em jogo ser o de manter mobilizada a audiência.
Pior de tudo, no entanto, é quando a edição em tempo real dos fatos tenta nos levar a conclusões que não tem qualquer realação com a verdade. No jogo de ontem entre Fluminense e Cruzeiro o comentarista do PFC deu uma demonstração rica e abundante de como a manipulação pode ser grosseira. Chegou a se esquecer de que o público da transmissão era preferencialmente cruzeirense e tricolor. No lance do primeiro gol do Cruzeiro, em momento algum o comentarista se dispôs a dizer o óbvio, o que a imagem não revelava, mas que era uma questão de lógica. Na hora em que Matheus Carvalho foi expulso, sem ter recebido o cartão amarelo, nenhum comentário foi feito em relação a isso. O jogador do Cruzeiro já tinha amarelo. O certo era aplicar cartão amarelo para os dois. O Fluminense foi prejudicado, mas isso não foi dito. Mas o pênalti sofrido por Everton foi enfatizado sem qualquer hesitação, ainda que pudesse ser questionado.
Nada porém foi mais grosseiro do que o que foi feito com o lance dos dois pênaltis sofridos por Thiago Neves e Rafael Sóbis no mesmo lance, aos 40 minutos do segundo tempo. O intérprete dos fatos simplesmente comentou dizendo que o atleta do Cruzeiro deu um carrinho, pegou na bola e depois derrubou o jogador ( Rafael Sóbis )do Fluminense. Traduzindo o que ele disse para o vocabulário comum, é PÊNALTI. Trata-se de um lance em que todos os juízes marcam falta. Carrinho não é recurso do jogo, nem mesmo dentro da área. Mas o pior de tudo é que o lance só foi repetido no momento em que o atleta do Cruzeiro aplica o carrinho. O pênalti em Thiago Neves não foi repetido.
Confesso que falhei ao não ter anotado. Mas houve momento em que até mesmo a regra do jogo foi mudada para justificar uma ação do árbitro desfavorável ao Fluminense. Eu fico, depois de tudo isso, convencido de que o objetivo não é nos manipular, é deixar-nos irritados. É quase que uma espécie de perversão midiática, porque não é possível que estejam realmente convencidos da nossa burrice. Me parece mais uma provocação sistemática, uma agressão a quem não tem outro recurso para ver o jogo do seu time. O fato, porém, é que, a julgar pela atuação do intérprete, mais uma vez a arbitragem errou para os dois lados e não influenciou no resultado da partida. Mentira! O Fluminense foi prejudicado mais uma vez. Essa é a verdade. Está aí a matéria que publicamos na manhã de hoje para mostrar com números o que o intérprete ( deveria ser comentarista ) tentou refutar. Cruzeiro 4×1 no placar das ações danosas do soprador de apito e seus auxiliares.
No mais, sobre o jogo, não fosse mais uma vez a ação nefasta do árbitro, teríamos saído com uma vitória, porque, mesmo atuando fora de casa, fomos superiores ao Cruzeiro. O Fluminense sequer se abateu com o placar adverso desde os primeiros minutos. O Fluminense criou as melhores oportunidades, mas Fred não esteve em noite feliz, apesar do gol. Por duas vezes perdeu cara a cara com o goleiro.
Apesar disso, posso dizer que tivemos um empate de campeões, porque o Atlético MG, com um jogador a mais durante o segundo tempo, não conseguiu vencer o lanterna do campeonato. Resultado, a diferença de três pontos se manteve. Os erros das arbitragens conspiram contra, os Deuses conspiram a favor. Estou começando a ter a impressão de que 2010 irá se repetir.
A minha opinião??? É muito simples. Não vou ficar aqui tecendo comentários a respeito de uma possível conspiração contra o Flu até porque não tenho provas disso. Mas é bom que a fanática torcida tricolor fique de olho vivo e faro fino, já que o futebol brasileiro é assolado por "forças ocultas" que teimam em aparecer quando menos se espera para reverter os resultados a seu bel prazer...
Abraço...
LG
PERFEITO! TEXTO!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirIsso que foi dito é perfeito, retrata tudo que está acontecendo nos jogos disputados pelo Fluminense. Realmente a transmissão do PFC foi totalmente favorável ao time mineiro e a todo momento levantavam a lebre a favor do Cruzeiro. No lance da expulsão do Matheus Carvalho, segundo eles (comentarista e narrador), o árbitro foi perfeito em expulsar os dois jogadores e em nenhum momento foram contrários a decisão. Não importa que o juiz quiz compensar, ao invés de aplicar os cartões amarelos para ambos jogadores, consequentemente o Cruzeiro ficaria com um a menos. Faltou peito para assumir essa atitude que seria a correta. Resumindo, temos que começar a gritar muito e se possível escrever para a emissora, pedindo mais ética e isenção na transmissão dos jogos. Esse fato tenho observado já há muito tempo.
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