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terça-feira, agosto 14, 2012

Mais do Engenhão




Já não bastasse tudo o que tem envolvido a ridícula querela envolvendo o inquilino alvinegro e seu estádio alugado/ arrendado/ cedido (“Não quero que joguem aqui porque eu tenho estádio!”), outro fator não pode deixar de ser avaliado quando se trata dos minguados números de público presente ao estádio – pelo menos em 95% dos jogos.
A falta de cola.
É, o Engenhão não é mau, mas simplesmente não colou no gosto do público.
De todas as torcidas, nem mesmo a “mandante”, ressalte-se. Não colou, não deu liga.
Começou em 2007. Estamos em 2012 e nada.
Jogos que facilmente dariam 10 ou 15 mil pessoas no Maracanã não chegam a 8 mil no João Havelange, suando bicas.
Não é que seja longe – e não é mesmo. Menos de 10 minutos do Maracanã em trânsito livre ou trem. O Engenho de Dentro é pertinho, exceto para quem não sabe nada de zona norte da cidade.
Não é que seja desconfortável – não de todo, apesar de que, nos raros dias de casa cheia, nos setores leste e oeste o torcedor para se deslocar precise, lamentavelmente, quase esfregar suas partes pudendas no rosto de quem vê a partida. E qualquer cenário de chuva significa ficar molhado em qualquer setor que não seja o de camarotes.
O preço é ruim, mas isso vem de muito antes. Fica claro um “movimento subliminar” para cada vez mais o torcedor abdicar dos jogos no estádio, pagar o PPW e ficar em casa. Ou no bar. Precisa de menos policiais, menos estrutura, menos ingressos e dá-se um verdadeiro “odracir” para a história. Não é culpa do Botafogo. Eurico Miranda já sonhava com isso nos anos 90.
Estacionamento é uma porcaria em qualquer lugar desta cidade. Não é exclusividade dos estádios.
O que pesa mesmo é que, por conta dos podres poderes, rompeu-se uma tradição de 60 anos (1950-2010) e, por decreto, instituiu-se o “novo charme” do futebol carioca. E não se sabe em que lugar do mundo algo deu certo assim. Tivessem feito uma longa transição até a “ruptura”, seria menos insólito. Não fizeram, parte do público deu seu troco.
Não tem eco das torcidas, porque é todo vazado e inacabado. Eis um charme inquestionável do Maracanã.
Não tem aquele ir e vir do lado de fora. O charme lateral da Tijuca, da Vila de Noel, a UERJ, os bares e restaurantes, nada disso há.
Em caso de jogo de uma torcida só, não se pode fazer nem um movimento clássico do Maracanã: a migração, trocar de lado para apoiar seu time no ataque.
Se o Fla-Flu não enche o Engenhão, Vasco x Flamengo não lota o Engenhão, fica evidente que algo está errado. Bem errado. O torcedor abandonou seus times depois de 2010? Não.
Ah, sim, menos jogos e o velho pasto arenoso de sempre. A culpa é do uso. Curioso que, nos anos 80, o Maracanã tinha jogos sábado, domingo, quarta e quinta-feira – todos com preliminar – e a grama era bem melhor. Alguma coisa está fora da nova ordem mundial.
Se tudo correr bem – e nenhum outro podre poder intervir, já tem Maracanã em 2013. Pelo menos um tiquinho.
Com Fluminense e Flamengo de volta ao habitat natural, o “mar azul” será inevitável no Engenho de Dentro. Os próprios torcedores botafoguenses deveriam se voltar contra o que pode vir pela frente, sem paixão desmedida e mais racionalidade – todos, de todos os times, aliás.
Resta saber se num futuro Maracanã com mais de 70 mil lugares, o Botafogo vai teimar em jogar seus clássicos de mandante em sua casa (alugada) para 25 mil torcedores (se muito). Sim, o Engenhão terá sua capacidade ampliada futuramente... visando o evento Olimpíadas 2016. Mas estamos em 2012.
Trocar a possibilidade futura de ser mandante no Maracanã pelo Engenhão apenas por opção – leia-se “orgulho” (de quê?) - nada tem a ver com o fato de “ter estádio” (mesmo alugado).
Na verdade, é a escolha entre ser grande ou médio.
Para não dizer pequeno. E bater pezinho diante de arquibancadas desertas.
A respeitável e centenária torcida do Botafogo merece mais do que isso, senhor Assumpção.

Paulo-Roberto Andel
@pauloandel

Cronista gentilmente cedido por Panorama Tricolor/ FluNews

Um comentário:

  1. Andel, nem precisa resgatar o passado para provar que a quantidade de jogos não prejudica o gramado, se o mesmo tiver uma manutenção decente.
    Em Goiânia, os 3 times da cidade jogam por muitas vezes na mesma semana no estádio Serra Dourada. Atlético-GO pela 1ª, Goiás pela 2ª e o Vila Nova pela 3ª divisão. E o gramado de lá é um tapete. A pergunta é: Se em Goiânia, os responsáveis pelo Serra Dourada conseguem fazer com q o gramado esteja sempre apto à receber jogos, dia sim dia não se possível, pq q o os responsáveis do Engenhão não tem a competência para fazer o mesmo??? O q é q tem no Serra Dourada q não tem no Engenhão??? Não venham nos dizer q é a ação do tempo, pois se alegares q o sol não bate em todo campo do Engenhão, em Goiânia é período de seca total e pouca umidade, o q tb prejudica o gramado caso ele não seja devidamente tratado.
    A verdade é q se os dirigentes do Botafogo de Futebol e Regatas não têm competência e CAPACIDADE para cuidar do bem PÚBLICO no qual eles são os concessionários, q devolvam a concessão para o ente estatal (no caso a Prefeitura do Rio). Porra, eles não conseguiram manter com decência o pequeno Caio Martins em Niterói, deixando-o às traças e caindo aos pedalos!!! O q os credenciava a conseguir administrar o Estádio Olímpico João Havelange??? Fluminense e Flamengo pagam pelo aluguel (do aluguel) por dia de jogo, o valor de 40 mil reais POR JOGO. Mais do q pagavam para jogar no Maracanã. E se pagam e pagam muito caro para jogar naquele soçaite, têm todo direito sim de reclamar do q quiserem.
    É bom q esse dentista seja mais, muito mais humilde e aceitar Fluminense e Flamengo de volta. E se capitalizar bastante, pois ano q vem voltaremos (GRAÇAS AO BOM SENHOR) a mandar nossos jogos no Maracanã. E o coisa ruim tb. Então, eu quero ver se eles conseguirão manter o estádio sem esse "dinheirinho". Muito provavelmente vão ter q enfiar o rabinho entre as pernas e passar esse vexame de devolver a concessão para o município alegando q o estádio não era rentável, q isso q aquilo... Patéticos.

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