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quarta-feira, setembro 05, 2012

Ah, esses chatos!




Ninguém é perfeito no mundo, quanto mais um coletivo de milhões de pessoas. E o Fluminense também paga esse preço.

Apesar de ter uma torcida linda e apaixonante, com algumas das mais encantadores mulheres do país, o tricolor também tem sua pequena turminha a reclamar “Oh, vida, oh, céus!” feito o Hardy do desenho animado. Felizmente é uma minoria, mas não menos chata por isso.

Alguns são até difíceis de entender: acham o time uma porcaria (campanha fantástica, disputa da liderança, candidato ao título), vivem a flatular verdades flácidas via internet, mas raramente – ou nunca! – são vistos nos estádios apoiando o time. Praticamente e-corneteiros. Disso, morro de rir: quando eu faço uma crítica ao time ou a alguma atuação, sempre vem um patife desses me chamar de corneteiro (risos x 2.456.765).

Claro, o direito à livre manifestação do pensamento é garantido constitucionalmente. O problema é quando a coisa deixa de ser o contraditório de ideias para se tornar um varal de impropérios, grosserias, frases covardes. Apoteose de chatice. E da burrice também: o Fluminense está lutando para ser campeão, não para não ser rebaixado. Sem contar o cometimento de crimes.

Como cronista, costumo tomar procedimentos cuidadosos: não saio xingando o primeiro que vejo pela frente só porque não concordou comigo. Não sou dono da verdade. Não concordo com o cronista fulano? E daí? Nem o visito, se for o caso. O que não foi fazer é questão de ser imbecil e agressivo. Meu grande amigo Ricardo Valença, analista de sistemas e professor há décadas, passou-me interessante tese: nas redes sociais, todos precisam dizer alguma coisa para serem notados, mas nem todos têm talento na hora de dizer/ escrever. O resultado? Um show de imbecilidades.

Volta e meio vejo nos grupamentos eletrônicos o confronto estupidificado que vem acontecendo entre os “senhores da razão tricolor” contra os “burros tricolores” (torço para o pessoal de cá). Tomo o exemplo de sábado. Abel mexeu mal? Sim, claro. Agora, e se a falta de Jean tivesse entrado? Os machões do Facebook e do Twitter ficariam com seus rabicós entre as pernas. Mesmo diante do “desastre”, o Flu alcançou o Atlético Mineiro, seu principal rival na disputa do título este ano.

Os chatos nunca estão satisfeitos. Têm o direito de protestar, ser do contra, o que for. Só não têm direito é de encher o saco dos outros.

Perder, empatou? Paciência. A vida não se resume a isso.

Depois de 34 anos ininterruptos nas arquibancadas, ainda me divirto com o futebol. O simples fato do Fluminense estar em campo já me agrada. Claro, quero que vença, quero que conquiste, mas eu torço pelo Fluminense e não pelo simples prazer da vitória – por exemplo, quando eventualmente perdemos para a Gávea, eu não faço a menor questão de estar no lugar de quem me venceu, aliás, detestaria.

A vida em geral já é chata demais com seus protocolos, compromissos, contas, dívidas, obrigações e cobranças. Pressões. Prazos.

O futebol veio como uma saudável maneira de desanuviar a vida cotidiana. Um jogo de futebol para se divertir, rir, namorar, comemorar e até lamentar, mas dando um sonoro pontapé na bunda da chatice.

Enquanto isso, os caras reclamam porque o time ainda não é líder tendo dezoito partidas pela frente. Reclamam como se adversários não existissem e também não quisessem ganhar. Isso tudo me lembra um pouco o comportamento do menino chato e mimado que, por ser o dono da bola, acha que pode fazer o que quiser no campo. E o que dizer dos animais que agridem e matam os outros apenas porque gostam de outro time?

Muita gente sofre no mundo. Neste exato momento, alguém morre de fome, sede, vitimado pela violência. Frente a isso, o futebol não me traz raiva, apenas alegria, alívio.

Quinta-feira o Fluminense volta a lutar pela liderança num difícil jogo contra o Santos no Engenhão. É o Santos, não o Paçoca Futebol Clube. Não vai ser carne-assada.

Os cinco mil maníacos de sempre vão gritar como nunca.

Já os chatos vão vociferar de seus computadores e revendo os melhores lances no PFC. “É feriado””, “É longe!”, “É caro!”, “É cansativo!”... Talvez estejam com saudades das lutas contra o rebaixamento. O time lutando pelo título não empolga...

Tirem todas as aspas do parágrafo acima.

É chato mesmo.

Melhor dizendo, são chatos.

Paca!


Paulo-Roberto Andel

Cronista gentilmente cedido por Panorama Tricolor/ FluNews

@pauloandel

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