Por Renato Melón
A esplanada tricolor se monta no decorrer de um caloroso dia de Domingo. O Engenho de dentro recebe, paulatinamente, os mais diversos corações tricolores que, a cada batida, murmuram o grito preso há 26 anos da mais pura e sincera esperança. Alguns gritam, alguns se apressam; alguns se agarram às namoradas, esperam os amigos, esperam o tempo. Não importava o sentido; a ansiedade era a mesma.
Pouco a pouco, os ponteiros do relógio caminhavam pelos passeios do tempo; cada segundo era uma eternidade. Mais de duas décadas expressas de vontade que poderiam se esvairecer em poucas horas. Ai, horas que não passavam!
A medida que caminhava rumo ao Engenho, a frondosa energia já pudera ser sentida. Meu passos logo se transformaram em uma quase-correria. Parecia que o jogo estava para começar a qualquer instante. Não queria, não pretendia... nem pudera perdê-lo. Ansiava um suor verde, branco e grená. Meu coração parecia mais rápido que minha própria vontade física.
Debaixo do astro-rei, espremendo-me pela multidão apaixonada, cheguei à minha entrada. Meu ingresso procedeu. O espetáculo épico que se viria logo mais me abrira as portas. Estaria de corpo e alma para ver uma das razões de minha existência.
Encontrei-me a conhecidos. Cantávamos como se nossas palavras pudessem resgatar ecos magistrais advindos do Maracanã, em 1984. Queríamos, de fato, resgatar o tempo aos nossos pés. Queríamos ver o futuro repetir o passado.
Começara o jogo. O famoso frio na barriga era combatido pela nossa garganta: cantávamos, cantávamos e sentíamos o orgulho de estar ali. Nada nos poderia atingir; o Fluminense é Fluminense, e basta.
O Time estava nervoso. A bola se lhes fugia aos pés; a pressa tomara conta da perfeição. A vontade sobresaía-se à organização. O tempo era inimigo; nós éramos nosso tempo. A Glória, ou o Fracasso, dependia exclusivamente do próprio Futebol.
Intervalo...
Começa o segundo tempo. 16 minutos de recomeço: foi o tempo necessário para se pintar a obra-prima de outrora. O que eu vi, o que eu senti, nada no mundo pode pagar. Eu vi gente se atirando para tudo quanto é lado, incrédulos. Vi estranhos se abracarem como se fossem amigos de longos anos. Meu amigo estava aos prantos, ao meu lado, admirando um horizonte de gritos e de cores, sem fim.
O jogo acabou; a glória não. Esta é perpétua, é imaculada.
Apenas o Grande Mestre da vida sabe o que eu senti naquele dia 5 de Dezembro de 2010. E, o que eu senti, devo ao Fluminense Football Club, devo à Torcida Maravilhosa.
Obrigado por me oferecer um lugar seguro, Fluminense.
Com você, eu sou invencível.

Sensacional o mosaico na parte de traz... Lindoooooooo
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