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terça-feira, maio 24, 2011

Luzes eternamente acesas para Émerson

Por Ricardo F. dos Passos



Os refletores projetam luz para o atacante, ex-tricolor, Émerson que se apresentou ao Corinthians nesta terça-feira.

Nesse contexto, os obscuros detalhes da negociação não foram divulgados. Antes dos papéis e formalidades, fala-se de uma suposta ligação telefônica do Corinthians, relatada pelo colunista do Globo Esporte - João M. Garcez-, a qual evidencia aspectos sintomáticos de insatisfação com o Fluminense.

Bom seria se fosse só insatisfação.

A inesperada saída conturbada do jogador assolou a estabilidade do clube tricolor e, junto a acidez inoculada na saída de Muricy, macularam o clímax das Laranjeiras.

O treinador santista buscou despistar o foco jornalístico. Manteve sua reflexão moral e ética como valor agregado, para assim implantar falsas notícias, de modo a concretizar sua negociação com o Santos.

Se Muricy seguiu rastros de novos títulos, Émerson injustificou sua saída.

Episódios como vandalizar o quarto do hotel com armas, expor o ambiente de vestiário, rememorar a música do rival - momentos antes de uma partida decisiva - cria um paradoxismo.

Émerson, já no fim de carreira, faz questão de dialogar - ou simplesmente "bater boca" - com a torcida do Fluminense, a qual o respeita pelo gol na última partida do tricampeonato brasileiro.

À maneira surpreendente, o atleta se mostra fragilizado, como se o clube e torcida criasse uma obrigação fixa em lembrar a importância dele.

O fato relembra o pedantismo, com uma eterna carência camuflada, mergulhada na vontade de ser valorizado, de se sentir especial como o autor to título que o Flu não conquistava há vinte e seis anos.

Essa vontade de se sentir especial culmina em outro paradoxismo.

Por mais que o desejo e o ego sobressaiam, no abismo interior, existe discernimento para perceber que nenhum ser humano veleja como "especial", "único" ou "heroico".

Todos são constituídos da mesma matéria viva, com constituintes orgânicos e inorgânicos.

Nas minúcias se percebe o quanto a humanidade deseja "ser alguém singular", mesmo que incapaz de descrever a si. O torcedor deseja ser visto como especial, o vendedor da bilheteria também, assim como o segurança do estádio.

Esses casos manifestam valores esquecidos pelo jogador, de valorizar, além de si próprio, cada um desses funcionários e torcedores, ao saber que nada o tira da condição humana - nem mesmo um gol épico.

Se considerar um aristocrata ou até mesmo um ditador - leiam "detentor da verdade" - não confere com a ética de uma moral justa, uma vez que ao se prender a anseios como se sentir especial significa abrir a lacuna interior do medo de realmente não ser especial.

Percebe-se, portanto, que ironias contra o clube, por exemplo, rir do Flu após a eliminação da Libertadores reflete desconsideração contra qualquer caráter profissional e, como agravante, repercute o despreparo emocional. Logo, a pessoa Émerson mergulha seus anseios em questões futebolísticas.

Pode-se, pois, projetar luz para a chegada do atacante ao Parque São Jorge.

A luz das Laranjeiras continuará acesa, com o nome dele gravado na história. Émerson não percebeu que a intensidade das luzes era a mesma no Corinthians e no Fluminense: A mudança refletiu, apenas, a vontade em se sentir especial.



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"Coluna do Ricardo F.  dos Passos."


Às terças-feiras aqui no Buteco do Tricolor. Comente e sugira uma pauta para o próximo texto da coluna. Sua opinião é de grande importância.
 
Uma magnífica semana, todo poder do pó-de-arroz ao Fluminense. 

3 comentários:

  1. A luz pode até continuar acesa nas Laranjeiras com o nome dele gravado na história, mas esse nome já está manchado.

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  2. @Paulo, obrigado por comentar!

    @Festivos, dentro de campo fará falta, já como profissional não deixará saudades. Depois da dupla Fla X Flu, é a vez do Corinthians receber o golpe pelas costas.

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